Projeto Traduções LIVRES
Coronavírus: mulheres africanas sofrem maior impacto da pandemia
Os lockdowns obrigatórios estabelecidos pelos governos para conter a disseminação do coronavírus prenderam muitas mulheres em suas casas com seus agressores, deixando-as isoladas das pessoas e dos recursos para os quais costumam recorrer para obter ajuda.
Link: https://www.theafricareport.com/29306/coronavirus-african-women-bear-bigger-brunt-of-the-pandemic/
Veículo: Theafricareport.com
Data de publicação: 03/03/2020
Autorx: 'Tofe Ayeni
Título original: Coronavirus: African women bear bigger brunt of the pandemic
Mandatory lockdowns put in place by governments to curb the spread of the coronavirus have trapped many in their homes with their abusers, leaving them isolated from the people and resources they usually are able to turn to for help.
Traduzido por: Hannah Hebron
Em toda a África, um estudo mostrou que 44% das mulheres são vítimas de violência por parceiro íntimo. Esse número cresceu inevitavelmente durante os bloqueios impostos em muitos países do continente.
Durante a primeira semana do lockdown na África do Sul, a polícia recebeu 2.320 denúncias de violência de gênero; um valor 37% maior que o normal. No Zimbábue, uma linha de apoio diz que o número de casos de abuso triplicou.
As epidemias sempre expõem as desigualdades na sociedade, incluindo as de raça e gênero.
Nesse contexto dessa pandemia global, as mulheres são as que mais sofrem com os efeitos do vírus - bem mais do que os homens.
Particularidades com mulheres
Estar sujeita a um aumento da violência doméstica não é o único problema que as mulheres estão enfrentando agora:
Estudos da ONU mostraram que são “as mulheres que fazem a maior parte do comércio informal transfronteiriço.” Portanto, como o fechamento total ou parcial das fronteiras foi ordenado pelos governos para conter a propagação do vírus, mais mulheres que homens perderam a capacidade de ganhar dinheiro.
As escolas do continente foram fechadas e, quando abrirem, é provável que muitas meninas nunca voltem. Em vez disso, elas provavelmente serão forçadas a se casar ou serão traficadas. Um relatório de 2015 da Human Rights Watch mostrou que, 'na África subsaariana, 40% das meninas se casam antes dos 18 anos de idade e os países africanos representam 15 dos 20 países com as maiores taxas de casamento infantil'. Em uma situação em que muitos pais não conseguem ganhar tanto dinheiro quanto costumavam, vender suas filhas parecerá uma opção viável para ganhar dinheiro, e casá-las reduzirá o número de bocas para alimentar na família. A educação para meninas ainda não é uma prioridade para muitos, por isso é improvável que muitas meninas sobrevivam a essa longa pausa na educação.
Com filhos e maridos em casa o tempo todo, as mulheres gastam ainda mais tempo em cuidados não remunerados e no trabalho doméstico. Mesmo para as mulheres em estruturas corporativas, elas repentinamente têm a tarefa adicional de cuidar de crianças e maridos em casa, além de continuarem com seus trabalhos.
A saúde materna agora está sofrendo, uma vez que a maioria dos esforços de saúde está focada nas pessoas afetadas pelo vírus.
Mulheres no setor informal
Conscientes de que muitas mulheres perderam seus meios de subsistência devido ao fechamento das fronteiras, também devemos pensar nos problemas de longo prazo enfrentados pelas mulheres neste setor:
“Muitas mulheres entraram na economia informal devido à falta de outras oportunidades para elas”, diz Olabisi Yussuf em seu artigo ‘Gender Dimensions of Informal Cross Border Trade in West-African Sub-Region (ECOWAS) Borders’ (Dimensions de gênero do comércio informal transfronteiriço nas fronteiras da sub-região da África Ocidental - CEDEAO). Se elas negociam entre países, elas precisam gastar muito tempo longe de suas famílias. É necessário oferecer oportunidades iguais para as mulheres na esfera formal.
No artigo acima indicado, são mencionados os obstáculos enfrentados pelas mulheres nesta esfera, que vão desde “as atitudes de pessoal uniformizado, até barreiras linguísticas, assédio sexual, taxas de câmbio flutuantes, vulnerabilidade ao HIV/AIDs e instalações de transporte inadequadas”. É claro que as mulheres precisam trabalhar mais para se sustentar, e a taxa alarmante de exigir favores sexuais em troca de emprego precisa ser abordada.