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  • Foto do escritorProjeto Traduções LIVRES

O Traduções Livres Está de Volta


O projeto Traduções Livres nasceu no início da pandemia com o intuito de trazer para o nosso idioma uma fatia do conteúdo produzido no exterior sobre temas como o movimento Black Lives Matter (e lutas antirracistas em geral), a pandemia do novo coronavírus pelo mundo e lutas anti-fascistas em países que, como o nosso, também enfrentam a dor de um governo de extrema-direita.


Com o tempo, e com mais voluntárias incríveis se unindo ao nosso projeto, começamos a cobrir mais temas, como a crise climática, feminismo, política internacional em geral, tecnologia e ciência, o movimento LGBTQIA+ e como o Brasil é retratado na mídia internacional. Como um projeto sem nenhum apoio financeiro ou fim lucrativo, chegamos a marca de 73 traduções. É impossível colocar em palavras toda a gratidão que esse projeto tem pelo duro trabalho de 17 mulheres que se juntaram em um grupo de whatsapp com o intuito de usar o domínio de um segundo idioma — privilégio de tão poucos no Brasil — como ferramenta de mudança. Acreditamos piamente que a informação e a educação muda vidas, e esse projeto é um pequeno manifesto que celebra essa certeza.


Mas entre a educação e o acesso existe um abismo para grande parte da população brasileira, principalmente para a população preta, que vê um dos seus filhos, irmãos, maridos, esposas, amigas, mães, forças políticas e agentes de mudança (983 dias, quem mandou matar Marielle), sangrar e perder a vida pelas mãos do estado, do que se chama “segurança” e de homens e mulheres que perderam a vergonha de mostrar por aí seu racismo, sua intolerância e seu ódio. Um cidadão brasileiro preto é assassinado a cada 23 minutos, cidadãos como João Alberto Silveira, espancado em um supermercado até a morte essa semana.


O que fazemos aqui é só uma das formas que temos de produzir e espalhar conteúdo (nesse caso, traduções de conteúdos) que inspira mudança. Sabemos que é pouco, e que já existem tantos outros veículos incríveis cobrindo questões internacionais do tipo com textos originais escritos por jornalistas brilhantes. Folha de São Paulo, Revista Piauí, Nexo Jornal, Intercept, El País, Jacobin, Deutsche Welle, Buzzfeed, Ponte Jornalismo, Globo, BBC e tantos outros servem de exemplo. Mas vejam só, entre o leitor brasileiro e o paywall também existe um abismo.


Por favor, não nos entenda mal. Somos 100% a favor da mídia independente e de manter e elevar o trabalho de tantos profissionais incríveis da comunicação. Afinal, nosso projeto também é feito de profissionais do jornalismo e da comunicação. A verdade é que é preciso cavar algumas passagens por baixo desse muro, ou dar uma mão para quem quer olhar do outro lado. Temos total compromisso em não veicular matérias de veículos nacionais, pois acreditamos que os mesmos estão fazendo por onde sobreviver aos tempos malucos em que nos encontramos.


A mão que queremos oferecer para olhar por trás do tal “muro pago” dá para o mundo, para outras lutas que possuem conjunturas diferentes e são tão nossas ao mesmo tempo. Queremos que nossos estudantes, curiosos, líderes e participantes de movimentos que promovem a mudança e a saída dessa lama fascista que segue nos afogando leiam esses fragmentos de mundo para se inspirar, aprender, conhecer, trocar, para ver que não lutamos sozinhos, e que por mais difícil que seja, existem trincheiras cheias de pessoas que acreditam e colocam a mão na massa, que dão sangue e suor por um dia melhor.


As heroínas e os heróis estão por toda parte, nós só traduzimos o que é dito sobre eles.


Agradecemos a leitura e esperamos que você espalhe o Traduções Livres com seus amigos, professores, estudantes, vizinhos e quem mais quiser.


Hannah Hebron e projeto Traduções Livres

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