Projeto Traduções LIVRES
Virgil Abloh, da Louis Vuitton, pede desculpas após repercussão negativa por comentários sobre prote
Atualizado: 6 de jun. de 2020
Veículo: Vulture.com
Data de publicação: 01/06/2020
Autor: Halle Kiefer
Título original:
Louis Vuitton’s Virgil Abloh Apologizes After Receiving Backlash for Protest Comments, $50 Donation
Traduzido por/Translated by: Nara Aline de Souza
Virgil Abloh, fundador do selo Off-White e atual diretor artístico de moda masculina da Louis Vuitton, foi repreendido pelo Twitter neste fim de semana depois de lamentar os saques ocorridos durante o protesto deste fim de semana contra a brutalidade policial em comunidades negras. Seus comentários, combinados com um tweet dele doando apenas US$ 50 à organização Fempower, com sede em Miami, direcionados aos honorários legais de manifestantes, convenceram a rede social de que Abloh não colocou suas prioridades em perspectiva de forma correta quando se trata do que, exatamente, é lamentável sobre os atuais protestos Black Lives Matter, iniciados a partir do assassinato de George Floyd em Minneapolis pela polícia na semana passada. Em um ensaio no Instagram na segunda-feira, no entanto, o designer de luxo pediu desculpas por seus comentários, acrescentando que ele doou mais de US $ 20.500 para a causa.
“Causa nº 81 por eu ter dito que o ‘streetwear’ está morto”, disse Abloh em um de seus posts durante o fim de semana, junto com um vídeo da loja Round Two, em Los Angeles, sendo saqueada. “Para os jovens que saquearam sua loja e confirmaram presença à DTLA, e todas as lojas da nossa cena atual, aquele produto olhando para você em sua casa/apartamento agora está manchado e é um lembrete da pessoa que eu espero que você não seja,” comentou ele em um post de Sean Wotherspoon, proprietário da marca Round Two. “Fazemos parte de uma cultura juntos. É isso que você quer?? Quando você passar por ele no futuro, por favor tenha a decência de não olhá-lo nos olhos, abaixe a cabeça com vergonha.”
Junto à imagem de uma porta quebrada na RSVP Gallery, em Chicago, ele comentou, “Hoje, essa mesma comunidade nos roubou. Se isso cura a sua dor, tudo bem…” O Twitter foi rápido em compartilhar suas respostas ao rompante e a pequena doação de Abloh, e o nome do designer foi editado na página do Wikipedia, embora tenha sido alterado de volta desde então.
No Instagram, o designer agora reflete longamente sobre sua experiência como um homem negro e imigrante, assim como sobre seus comentários. “Como muitos disseram, prédios são tijolos e cimento e, coisas materiais podem ser substituídas, pessoas não. Vidas negras importam. Nesse momento, outras coisas não” disse o designer. “As pessoas criticando ‘saques’ frequentemente o fazem como uma maneira de fazer parecer que a nossa luta contra injustiça não é legítima. Eu não percebi as maneiras com que meus comentários acidentalmente contribuíram com essa narrativa. Como mencionado ontem, se saques aliviam a dor e promovem a missão em geral, está tudo bem por minha parte”
Quanto àquela doação, seguidores apontaram que os preços da Off-White superam em muito os $50. De acordo com Abloh, ele entende seus motivos. “Eu entendo sua frustração se você pensa que minha contribuição limitou-se à $50,” disse. “Totalmente falso quando se trata do total. Eu doei $20,500 para fundos de fiança e outras causas relacionadas ao movimento. Vou continuar doando mais e continuar usando minha voz para incitar que meus colegas façam o mesmo.” Você pode ler o texto completo abaixo.
Tradução livre do post de Virgil Abloh:
“Deixe-me começar com alguns fatos centrais. Eu sou um homem negro. Um homem negro escuro. Tipo, escuro-escuro. Em uma ida comum ao supermercado em Chicago, eu tenho medo de morrer. O risco de morte é a caminhada normal da vida para quase viver como se eu estivesse andando na ponta dos pés. Quando me candidato a um emprego, tenho medo de não conseguir. É da minha natureza ser educado demais mas eu sou educado demais porque antes de abrir minha boca eu sei que as pessoas vão julgar.
Qualquer interação com a polícia pode ser fatal para mim. Em um segundo de interação que eu possa ter com eles, tênis Off-White™ não significam nada… ou que eu seja head designer… ou que eu tenha exibido arte em qualquer lugar, não faz diferença naquele momento. “Senhor! Venha aqui!!” me causa arrepios…
39 anos de vida podem ser reduzidos em uma ligação de 1 segundo para a polícia: “Um homem negro alto estava…”
Eu também sei que isso não é somente sobre raça. Meus pais vieram de Ghana sem nenhum dinheiro em seus nomes. Eu tenho sorte por ter recebido deles as ferramentas para crescer e ter uma carreira de sucesso. Eu sei que pessoas negras com menos recursos e menos acesso à privilégios que eu, são muito mais vulneráveis. Eu sei também que mulheres negras, queer e pessoas trans passam por dificuldades além disso.
Como uma pessoa negra, eu sinto raiva, tristeza e dor, toda vez que um de nós é vítima de preconceito ou racismo sistêmico. Eu tenho orgulho de me colocar em solidariedade com cada movimento para erradicar o racismo e a violência policial. Racismo precisa parar. Está literalmente nos matando.
Me sinto mal que George Floyd e gerações de pessoas negras foram mortas injustamente pela polícia. Todo policial envolvido nessas mortes precisam ser indiciados e condenados. Inequivocadamente. Nós, pessoas do mundo, deveríamos protestar quando acharmos necessário. Agora eu quero me desculpar.
Peço desculpas que meus comentários de ontem tenham sugerido que minhas principais preocupações sejam qualquer coisa além de completa solidariedade com os movimentos contra violência policial, racismo e desigualdade. Quero modificar todos os sistemas que não suportam nossas necessidades atuais. Tem sido meu modo de atuação em todas as áreas que toco.
Ontem falei sobre como as lojas - minhas e de amigos - foram saqueadas. Peço desculpas se pareceu que minha preocupação com essas lojas superaram minha preocupação pelo direito de protestar injustiça e expressar nossa raiva e ira nesse momento.
Me uni a uma corrente de amigos que estavam doando $50 nas redes sociais. Peço desculpas se pareceu para alguns que aquela foi minha única doação para essas causas importantes.
Como muitos disseram, prédios são tijolos e cimento e coisas materiais podem ser substituídas, pessoas não. Vidas negras importam. Em um momento como esse, outras coisas não.
As pessoas criticando ‘saques’ frequentemente o fazem como uma maneira de fazer parecer que a nossa luta contra injustiça não é legítima. Eu não percebi as maneiras com que meus comentários acidentalmente contribuíram com essa narrativa. Como mencionado ontem, se saques aliviam a dor e promovem a missão em geral, está tudo bem por minha parte.
Eu sou afortunado o suficiente para conseguir reconstruir minhas lojas. E eu estou procurando por qualquer um que precise de ajuda reconstruindo, especialmente aqueles cuja subsistência esteja sofrendo devido ao COVID.
A doação que postei noite passada foi em solidariedade a um grupo de amigos em Miami que postaram um corrente sobre união em prol de sua comunidade local.
Eu entendo sua frustração se você pensa que minha contribuição limitou-se a $50. Totalmente falso quando se trata do total. Eu doei $20,500 para fundos de fiança e outras causas relacionadas ao movimento. Vou continuar doando mais e continuar usando minha voz para incitar que meus colegas façam o mesmo. Eu estava em dúvida sobre tornar público o valor total porque eu não queria que parecesse que estou glorificando apenas altas quantias ou que eu queira ser aplaudido por isso. Se você me conhece, sabe que não sou assim.
Nesse caso, minha hesitação levou a suposições falsas às minhas custas. Eu encorajo todos a se unirem para igualar doações de acordo com a sua possibilidade, independente do que você tem. Cada dólar conta.
Não é apenas o dinheiro que resolve, meu objetivo particular é mudar as oportunidades para crianças e jovens que se pareçam comigo para que cheguem a mesma posição que eu tenho:
Passado isso, estou orgulhoso por: no desfile de 2018 da Louis Vuitton, ter colocado homens negros como o tema central. Ter criando uniformes de futebol para refugiados na França. Ter feito a revitalização de um ano do clube Boys & Girls em Chicago inaugurado no último All-Star Weekend. Chicago Cred, um projeto para ensinar a comunidade da região sul as mesmas habilidades que eu usei para fazer minha carreira a partir de uma estampa de camiseta.
Alguns projetos futuros incluem: lançamento de peças onde todo o lucro apoie fundos de fiança para protestantes. Uma plataforma chamada “Serviço Comunitário” lançada no início deste ano que apoia artistas negros emergentes e designers através de suporte financeiro e mentoria. Uma nova publicação de arte que concentra vozes e trabalhos de artistas e escritores negros. Uma mesa redonda de outros líderes negros nas indústrias criativas, para oferecer nossas ideias para qualquer criador ou empreendedor trabalhar nisso.
Vou continuar fazendo o trabalho que sempre fiz. Eu trabalho em muitos projetos privados e iniciativas para retribuir que não são divulgados. Qualquer um que me conheça pessoalmente pode confirmar isso. Colegas com quem trabalhei podem confirmar isso. Não é algo que eu torne público o tempo todo porque é responsabilidade e um privilégio de alguém na minha posição, não uma estratégia de publicidade.
Saibam que eu faço e tenho feito o trabalho, meus projetos anteriores estão por aí. Continuarei fazendo os projetos futuros.
Quero que as pessoas saibam que estou participando desse movimento, de A a Z. Doando pessoalmente, usando minha voz, dirigindo-me às minhas comunidades do design e da moda em todo o mundo para ajudar a erradicar o racismo. Minha voz é formada por cada pessoa negra que veio antes de mim e cada pessoa negra lutando por isso nas linhas de frente e em diversas outras maneiras. Eu quero o racismo sistematicamente erradicado e vou fazer a minha parte para garantir que aconteça.
Em apenas uma semana nós perdemos George Floyd, Breonna Taylor e Tony McDade para a violência policial. Isso precisa parar.
Eu sou um agente de mudança. Quando você me ver em qualquer espaço, cidade, museu, restaurante, em um banco no Mercer, no Bar Basso na Itália, em Pigalle na fila do Dumbo, em LA na Fairfax ou no fim de um desfile em Paris, saiba que estou carregando uma bandeira para redefinir a caixa que nós, como pessoas negras, fomos colocados. Eu lidero com amor e me movimento com respeito à todos que encontro.
Virgil™
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