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Agora Trump está bloqueando amaioria dos meios legais de imigração para os Estados Unidos


 

Veículo: Cnn

Data de publicação: 09/07/2020

Autorx: Priscilla Alvarez e Catherine E. Shoichet

Título original: Trump is now blocking most of the legal paths to immigrate to the US

Traduzido por/translated by: Marília Portela

 

(CNN) Enquanto o coronavírus se espalha mundo afora, o governo Trump vem consistentemente sufocando a maioria das vias para a imigração legal nos Estados Unidos ‒ fechando efetivamente o sistema que introduz centenas de milhares de imigrantes anualmente.

Em um intervalo de quatro meses, pessoas que migraram para os Estados Unidos legalmente ‒ ou estão tentando migrar ‒ tiveram suas vidas desenraizadas em meio a uma ladainha de mudanças atribuídas à pandemia. As mudanças abruptas deixaram imigrantes e suas famílias em um limbo ‒ confusos, frustrados e lutando para resolver seus próximos passos.


As razões dadas pela administração Trump variam desde proteger trabalhadores americanos em uma época de elevada taxa de desemprego a colocar a saúde pública em primeiro lugar.

Essa semana, o futuro de mais de 1 milhão de estudantes internacionais em universidades americanas se tornou incerto. O Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos anunciou na segunda-feira, 06 de julho, que estudantes estrangeiros cursando disciplinas unicamente online ‒ que vem se tornando mais comuns à medida em que mais universidades dispensam as aulas presenciais em meio à pandemia ‒ podem precisar mudar de universidade ou deixar os Estados Unidos.


Shreeya Thussu está entre esses estudantes.

Por três anos, a veterana de 21 anos da Universidade da Califórnia em Berkeley morou e estudou nos Estados Unidos. Agora, o lugar que ela chama de lar pode deportá-la, dependendo da carga-horária da universidade.


“Não sabemos ao certo o que está acontecendo. Todos estão tentando encontrar formas para podermos marcar aulas presenciais, mas não há muitas opções”. Contou à CNN, Thussu, que atua como presidente da Associação Internacional de Estudantes em Berkeley.

Há alguns dias, empresas e trabalhadores estrangeiros passaram por uma preocupação semelhante, quando muitas das pessoas tentando entrar nos Estados Unidos através do green card souberam que isto não seria possível até o final do ano. Antes disso, o governo Trump impediu extensivamente a entrada de migrantes nos Estados Unidos, incluindo crianças e requerentes de asilo.


A admissão de refugiados despencou. Agora estão pausadas.


A admissão de refugiados nos Estados Unidos já apresentava o mais baixo índice até então. O governo Trump anunciou em março que pausaria o programa devido à pandemia. Desde então, menos de 200 refugiados foram autorizados a entrar no país.


Defensores da imigração, advogados e especialistas dizem não haver dúvidas que o governo está se aproveitando da situação da pandemia para revisar o sistema de imigração, apontando para uma série de recentes mudanças que bloqueiam a entregada de mão-de-obra imigrante altamente qualificada a qual o governo tem repetidamente alegado ser o que eles querem que venham para os Estados Unidos.


“Você esperaria que durante esta enorme crise de saúde pública e crise econômica que o governo poria de lado sua agenda, porém ao contrário, ele vem sendo tão agressivo quanto ou mais que antes,” disse Sarah Pierce, uma analista de políticas públicas no Instituto de Políticas de Migração (Migration Policy Institute), uma think tank com sede em Washington.


Aqueles que foram pegos pelo fogo cruzado estão sofrendo as consequências.


‘Eu fiquei chocada’


O anúncio feito pelo Serviço de Imigração nesta semana, impedindo estudantes estrangeiros de cursar disciplinas inteiramente online nos Estados Unidos, surpreendeu muita gente, depois de o órgão ter oferecido mais flexibilidade durante a primavera.


“Eu fiquei chocada”, contou à CNN a estudante de Harvard, Valeria Mendiola. “Nós planejamos nossas vidas. Trabalhamos muito duro para chegar aqui e então isso acontece no meio da nossa experiência.”


As solicitações de vistos por estudantes sempre foram restritas, e vir para os Estados Unidos para cursar disciplinas inteiramente online foi proibido. Segundo as regras, que conforme defendem os funcionários, foram elaboradas para maximizar a flexibilidade, estudantes podem continuar matriculados em universidades que ofereçam aulas online, mas não poderão fazê-las e permanecer nos Estados Unidos.


“Se uma escola não vai abrir ou se as aulas serão 100% online, não esperamos que as pessoas estejam aqui para elas,” Ken Cuccinelli, vice-secretário de Segurança Interna, afirmou à jornalista da CNN, Brianna Keilar.


Uma grande queda nos vistos de imigrantes.


O número de vistos emitidos pelo Departamento de Estado a pessoas que imigram legalmente para os Estados Unidos diminuiu drasticamente desde janeiro.


Antes do anúncio do Serviço de Imigração, Harvard anunciara que as disciplinas seriam disponibilizadas online durante o semestre de outono (primeiro semestre).


Mendiola diz que ela e outros colegas estão pressionando a universidade para reconsiderar e oferecer mais cursos presenciais. Caso isso não ocorra, ela teme não ter outra escolha, senão retornar ao México. Isso a deixou com uma lista crescente de preocupações: o que acontecerá com seu apartamento e o aluguel contratado? Sua mobília? Seu financiamento estudantil?


“Se eu trancar o curso, posso perder todo o meu financiamento e minhas bolsas de estudo,” afirmou, Mendiola. “É muito difícil conseguir dinheiro suficiente para estar aqui em primeiro lugar.”


Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts processaram o governo Trump a respeito da orientação na quarta-feira, 08 de julho.


A imigração legal está quase parada.


Durante a presidência de Trump, a administração vem realizando uma revisão do sistema de imigração dos EUA, eviscerando o asilo, reduzindo o número de admissões de refugiados aos mínimos históricos e limitando severamente a imigração legal, entre outras mudanças.


A pandemia do coronavírus acelerou ainda mais ajustes no sistema que anteriormente tinham sofrido para ganhar ímpeto, a exemplo do impedimento extensivo da entrada de requerentes de asilo na fronteira dos Estados Unidos com o México e da proposta de bloqueio de requerentes de asilo por motivos de saúde pública.


Durante a pandemia, até então, esse governo acabou efetivamente com o asilo na fronteira ao sul,” Pierce afirmou. “Eles reduziram drasticamente a imigração legal, especialmente a imigração com base familiar, para o país. Eles efetivamente acabaram com o sorteio de vistos de diversidade e reduziram significantemente o número de trabalhadores estrangeiros temporários vindos ao país.


Em dois decretos sobre imigração da Casa Branca emitidos em abril e junho, o governo suspendeu boa parte da imigração com base familiar e diversos vistos temporários de trabalho no fim do ano, com algumas exceções. O Migration Policy Institute (Instituto de Política Migratória) estima que 167.000 trabalhadores temporários serão mantidos fora dos Estados Unidos e 26.000 green cards serão bloqueados mensalmente.


Como resultado, os consulados em países estrangeiros tiveram que fechar, tornando quase impossível a obtenção de vistos por parte de pessoas fora do país. Desde janeiro, o número de vistos emitidos para não-imigrantes sofreu redução de 94%.


Um declínio de 94% em uma questão de meses.


Os vistos de não-imigrantes, que permitem a muitos estrangeiros viajar legalmente para os Estados Unidos a fim de trabalhar e estudar, caíram drasticamente este ano. O declínio expressivo começou antes mesmo de o governo anunciar grandes mudanças na política de imigração nas últimas semanas que provavelmente bloquearão a vinda de muitos mais trabalhadores e estudantes aos Estados Unidos.


Os efeitos em cascata são muito abrangentes.


Nandini Nair, advogada de imigração, sócia do escritório Greenspoon Marder com sede em Nova Jersey, representa uma série de companhias, incluindo empresas de tecnologia, marketing e contabilidade, bem como consultórios médicos e dentários.


"Tenho empresas que pensam que acabou; não vamos mudar mais ninguém de localidade", disse Nair.


Sandra Feist, advogada de imigração em Minnesota, também foi procurada por profissionais de recursos humanos que se preocupavam com os empregados que planejavam viajar. Feist se lembrou de uma conversa em que lhe foi dito que se a empresa não conseguir levar o seu chefe de operações para os EUA, "isso seria desastroso para eles".


Tal como as mudanças que precederam o anúncio da segunda-feira, algumas pessoas temem que o governo esteja empregando o tom errado, possivelmente estimulando os estudantes estrangeiros a começar a procurar em outro lugar. Este pode ser o caso de Vitor Possebom, um brasileiro cursando doutorado em economia em Yale.


"Antes, diria que ficar nos EUA foi a minha primeira opção para a minha carreira", disse ele. "Agora, sendo honesto, o Canadá, a Europa, a Nova Zelândia e a Austrália parecem ser uma escolha muito melhor".


Thussu, que tinha planos de se candidatar às escolas de medicina nos Estados Unidos, disse que sente cada vez mais como se o país onde queria construir um futuro a enxergasse como "descartável".


"Você ouve coisas desse tipo. Têm acontecido há algum tempo, como as suspensões H-1B para o resto deste ano que foram anunciadas recentemente. É mais uma coisa", disse Thussu. "Tem sido cada vez mais assustador... Cada vez menos se parece como se sentir em casa".

 

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