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#BlackLivesMatter:

Polícia de Detroit se ajoelha perante as câmeras minutos depois de prender cerca de 100 manifestantes pacíficos

 

Veículo: Metrotimes.com

Data de publicação: 03/06/2020

Autorx: Lee DeVito

Título original: Detroit Police kneeled for the cameras minutes after arresting about 100 peaceful protesters

Traduzido por/Translated by: Nina Soares

 

Na terça-feira, uma campanha bem intencionada de “apagão nas redes sociais” (blackout Tuesday) por conta do Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), foi criticada por se transformar em um “absurdo performativo” depois que entupiu os feeds com intermináveis quadrados pretos, e resultou no fenômeno alucinante em que a conta do [time de futebol americano] Washington Redskins alegou que o time se opõe ao racismo. Também foi mais que um pouco estranho ver o San Francisco 49ers entrar na tendência, considerando que o time demitiu o quarterback Colin Kaepernick em 2017, depois que o fato de ele ter se ajoelhado durante o hino nacional em protesto contra a violência policial se tornou controverso. Kaepernick não conseguiu jogar na NFL desde então.


O gesto simbólico de Kaepernick ainda vive, recebendo vida nova depois que um vídeo terrível no mês passado mostrou a morte de um homem preto chamado George Floyd, após o policial Derek Chauvin de Minneapolis se ajoelhou em seu pescoço por quase nove minutos. O vídeo acendeu protestos do movimento Black Lives Matter por todo o país e, conforme os protestos continuam, tanto manifestantes quanto policiais começaram a se ajoelhar como sinal de solidariedade ao movimento e uma forma de diminuir os impasses.


Mas parece que o ato de se ajoelhar também pode estar em perigo de se transformar em absurdo performativo.


Este foi o caso na noite de terça-feira, quando policiais do Departamento de Polícia de Detroit (DPD) se ajoelharam para as câmeras da imprensa – apenas minutos depois de prender por volta de 100 manifestantes pacíficos no lado leste. Quando o chefe de Polícia de Detroit, James Craig, se juntou ao grupo, eles se ajoelharam novamente, a pedido dos membros da comunidade, gritando “justiça” e “DPD”.


Os manifestantes haviam bloqueado o tráfego na Avenida Gratiot, violando o toque de recolher das 20h noite que foi expedido na mesma semana. A polícia, então, se aproximou dos manifestantes formando uma linha. De repente, eles atacaram rapidamente, algemando cerca de 100 manifestantes em questão de minutos.


Nenhum dos manifestantes havia atacado os policiais, como foi o caso nas noites anteriores. Nenhum deles parecia estar antagonizando a polícia. E ninguém estava saqueando lojas ou ateando fogo, como tem sido o caso em outros lugares do país nos últimos dias.


Apesar de estar trabalhando com a imprensa local para criar um sistema para manter jornalistas a salvo, o DPD tentou prender Darcie Moran, do jornal Free Press, e Steve Neavling, do jornal Metro Times, foi agredido por policiais na confusão, quebrando seus óculos.


Os manifestantes e jornalistas estavam simplesmente exercendo seus direitos garantidos pela Primeira Emenda durante um movimento nacional de protestos. O DPD poderia ter alterado a rota de tráfego em torno dos manifestantes. Ao invés disso, eles os jogaram na prisão sob fiança – durante a pandemia do coronavírus, que atingiu duramente as prisões do Michigan. Diversas ações judiciais coletivas foram movidas em nome dos presos no Michigan, alegando que as condições inseguras nas prisões em meio à pandemia são uma violação do direito garantido pela Oitava emenda, de serem livres de punições cruéis e incomuns.


Uma cena similar entre policiais e manifestantes ocorreu no domingo à noite, quando o chefe-adjunto, Todd Bettison, se ajoelhou com manifestantes enquanto tentava negociar com eles.


“Por questões táticas, meus homens não podem se ajoelhar”, Bettison disse à multidão, que demandava que os policiais se ajoelhassem com eles. “Mas eu irei em nome deles. Eu mostrarei que estamos com vocês. Eu me ajoelharei.”


Dentro de minutos, o DPD atirou gás de pimenta, balas de borracha e granadas de luz e som na multidão depois de dizer que alguém atirou algo contra eles, prendendo dezenas.


Como as pessoas que participaram da campanha “apagão” (blackout) nas redes sociais, Craig e Bettison parecem ter boas intenções. Craig tentou se antecipar à agitação se tornando o primeiro chefe de polícia de uma grande cidade a pedir pela prisão de Chauvin e chamando a morte de Floyd de “um assassinato”. E, durante uma coletiva de imprensa na terça-feira, Bettison se emocionou lembrando de como ele se sentiu quando se ajoelhou durante o impasse.


“O chefe veio e eu nem ao menos contei a ele que me ajoelhei”, ele disse. “Não era sobre isso. Era sobre o amor que eu tenho pela cidade, e eu não sabia como os meus colegas iam reagir ao me ajoelhar. Mas o que eu quero que todos saibam é que eu não tenho nada a não ser amor pelos policiais brancos, policiais negros, todo mundo, me agradecendo por ter me ajoelhado em apoio a George Floyd. Nada além de gratidão.”


Até agora, Detroit não presenciou os saques ou a destruição que outras cidades presenciaram. Parece que o DPD e muitos dos manifestantes não estão interessados em aumentar os conflitos a esse ponto. De muitas maneiras, parece que a cidade ainda está sofrendo com os sangrentos distúrbios civis de 1967, mais de 50 anos depois.


Mas não vamos perder de vista o motivo pelo qual os manifestantes estão se ajoelhando. Eles se ajoelham porque Chauvin criou uma imagem inconfundível da brutalidade da polícia quando se ajoelhou no pescoço de Floyd.


A polícia ao redor do país não pode se ajoelhar e dizer que é solidária ao movimento se eles vão apenas criar mais 1000 imagens inconfundíveis da brutalidade da polícia.

 

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For any inquiries: hannahebron@gmail.com

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